Passei na OAB e agora?

14/06/2014. Enviado por

O presente artigo visa demonstrar a atual situação dos Advogados recém formados que enfrentam uma luta diária para conquistarem o seu espaço no Ramo da Advocacia.
Antigamente era comum nas tradicionais famílias um dos filhos (ou todos) irem estudar nas conhecidas faculdades da época para se tornarem "Doutores" ou "Bacharéis" e em pouco tempo já eram renomados Advogados, conhecidos por todos e valorizados pela sociedade. No século passado ser Advogado significava "status", estabilidade e valorização. 
 
Até nos tempos atuais reparamos que nas novelas o Advogado nunca é um jovem recém formado que há pouco conseguiu conquistar a tão cobiçada "Carteira da OAB", ao qual luta diariamente para ter o próprio Escritório, conquistar a clientela, usando como meio de  locomoção ao Fórum da comarca o Transporte Coletivo ou até uma "Bike"  ao contrário, geralmente o Advogado da ficção poderá até ser um recém formado que há pouco conseguiu a "vemelhinha" mas, é uma pessoa que enriqueceu da noite para o dia, que trabalha em um luxuoso Escritório, mora em uma mansão, faz parte de uma sociedade acostumada a saírem nas mais famosas colunas sociais. 
 
Mas, e o Advogado dos tempos atuais como é a sua vida REAL? Bem, vejamos que 98% dos Bacharéis em Direito que conseguem colar grau nas faculdades são reprovados  na primeira tentativa de Aprovação no Exame de Ordem. E os que conseguem ser aprovados? Desses que são aprovados podemos dizer que alguns até antes de iniciarem a curso já têm o seu Escritório garantido, uma experiência já conquistada só pelo fato de ajudarem aos pais ou outros parentes que já trabalham na área jurídica.
 
Quanto aos outros, estes no início até ficam empolgado em montarem o próprio Escritório, conquistarem os primeiros clientes, enfim, sonham com a vida do "Advogado de Novela" mas, logo vêm as dificuldades: Primeiro:  conseguir um bom Salão Comercial ou separar um cômodo da casa para montar seu simples e modesto Escritório que concorrerá com aqueles que já estão há 50 anos no ramo. Segundo: fazer o impossível para conseguir dinheiro o ano todo para pelo menos pagar a anuidade da OAB ( que não é muito barata, às vezes o Advogado ganha bem menos do que é cobrado anualmente pela OAB). Terceiro: Aguentar muitas vezes pessoas que procuram o seu Escritório e ainda consideram seus honorários um verdadeiro absurdo e que a sua obrigação é cobrar barato ou fazer até de graça ( mas esquecem que o Advogado é um ser humano e tem despesas) e por último: A cobrança e ironias de conhecidos e familiares como: Nossa, você é Advogado há tanto tempo e até agora não conseguiu nada? Ou então: "Estão vendo, diz que é Advogado, mas anda de ônibus, depende dos pais  e vive "liso" ao contrário de minha filha que nem precisou de cursar uma faculdade mas trabalha em um bom emprego, tem seu próprio carro e está com a vida feita ( aí vem a risadinha irônica). 
 
Toda esta dificuldade nos tempos atuais e a desvalorização dos Advogados ( principalmente dos recém formados) acaba resultando em: Inúmeros concorrentes em concursos Públicos na área Judiciária ( muitos Advogados deixam de lado o Diploma e a OAB para concorrerem a cargos de nível médio ), pessoas que fecham o seu Escritório e montam uma lanchonetes, se tornam artesãs ou outras atividades empreendedoras, outros aproveitam o Diploma para ministrarem aulas e ganharem um modesto salário.

Enfim, é esta a verdadeira realidade do Advogado Contemporâneo, não um caminho fácil,é árduo, cheio de lutas, exigências e principalmente a desvalorização do trabalho daquele que a maior parte da semana é desprovido de seu descanso, de sua privacidade, momentos de lazer para conquistar o seu espaço perante a sociedade e profissão. 

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